ABRE A BOCA PASSARINHO QUE A MAMÃ QUER REGORGITAR A MINHOCA
Uma carta enviada a um jornal nacional reflectia de forma solar o pensamento de uma grande fatia das gerações pós-1975.
Um senhor, jovem, presumo, protestava sarcasticamente contra a ideia do actual governo em promover protocolos entre a Banca e o Estado para o empréstimo a estudantes. O rapaz odiava esta ideia de ter de se trabalhar para pagar os estudos. DE ELE ter de trabalhar para pagar o benefício que recebeu. O fim da universidade descontraída e feliz, da mama do Estado, depois da mama da mãe.
A nossa democracia criou milhões de indivíduos que acreditam que o dinheiro cai do céu e que não é preciso fazer mais do que gritar ou chorar para que ele apareça. Primeiro a casa dos pais até aos 20 ou 30 anos, depois o Estado-Providência. Caberia, nesta visão, aos outros a responsabilidade pelo seu bem-estar. Escola certinha e de borla, emprego certinho e de pouco esforço, reforma cedo para poder ir em cruzeiros pelo Mediterrâneo e assim sucessivamente. Esta ideia da Família-Estado já foi tentada, amigos. Durante décadas na União Soviética, só para dar um exemplo. Mas não só não resultou, por contrária à natureza empreendedora que reside no interior dos seres humanos (aparentemente, dos portugueses, nem por isso…), como conduziu a inevitáveis racionamentos de bens, fecho ao resto do mundo e privação de liberdades várias.
Sugeria que começassem a trabalhar, a responsabilizar-se pela educação e desenvolvimento pessoal. Porque os papás, mesmo os papás-estado, morrem um dia.
2 comentários:
«depois o Estado-Providência»
Estado-Providência não é, seguramente, o nosso. Ai de quem necessite dos serviços do Estado português para o que quer que seja, está lixado. Quanto às propinas, sou contra elas. É espantoso que os portugueses exijam pagar uma fortuna ao Estado a troco de nada e, ainda para mais, com base no argumento de que os estudantes universiários são naturalmente estúpidos e preguiçosos. Nem todos o são. É verdade que o QI de muita gente da minha geração está abaixo do de uma galinha, mas isso não justifica tudo.
Em troco de nada? Só não aprender quem não o quer fazer...
Já agora, quanto gasta o estado com cada aluno por ano? Da última vez que vi para cima de 5000Euros, se calhar pagar propinas não é assim tão injusto... a não ser que não se esteja lá a fazer o que quer que seja...
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